Institucional

Sinergia entre atores sociais pode potencializar vocação do estado para ciência e inovação

Representantes do setor público e da iniciativa privada começaram hoje a debater, na UFMG, a criação do Pacto da Ciência pela Inovação em Minas Gerais

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Chyara Sales, Beatriz Cerqueira, Sandra Regina Goulart Almeida, Alessandro Fernandes Moreira e Lucas Mendes na abertura do evento
Foto: Jebs Lima / UFMG

A mesa de abertura do evento que discutiu a criação do Pacto da Ciência pela Inovação em Minas Gerais, proposta da UFMG que contempla o conceito de inovação como ação transversal do ensino, pesquisa e extensão, destacou a importância da reunião de diversos atores para o desenvolvimento de ações estratégicas para o fortalecimento de uma ciência inovadora no estado.

Na abertura do evento, a secretária adjunta de Desenvolvimento Econômico de Belo Horizonte, Chyara Sales, afirmou que os grandes desafios da gestão pública moderna só poderão ser resolvidos por meio da parceria entre os diversos atores que integram a sociedade. Sales afirmou que, em 2025, 80% da população mundial viverá nas cidades, o que indica a necessidade de que a inovação seja vista “como método de desenvolvimento econômico, de redução de desigualdade territorial e de concepção de cidade e de como ela pode enfrentar seus desafios". 

Sales: cidade deve ser responsiva
Chyara Sales: cidade deve ser responsiva Foto: Jebs Lima / UFMG

A representante do governo municipal na mesa acrescentou que, entre os desafios que necessitam de inovação para serem resolvidos, estão a infraestrutura, a mobilidade, o bem-estar, a igualdade e o acesso a alimentos, à saúde e à educação. “Sem a inovação e sem a atuação conjunta dos diversos atores, como vamos acomodar a população? A cidade tem que ser responsiva e os mecanismos de inteligência são importantes para a tomada de decisão. A inteligência é inter-setorial. Daí a necessidade de que todos os atores trabalhem juntos na inovação das políticas públicas", disse.

O subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do governo de Minas Gerais, Lucas Mendes, corroborou com Chyara Sales ao acrescentar que qualquer pacto precisa considerar todas as esferas do governo, além da iniciativa privada e da sociedade civil. Mendes relembrou que Minas Gerais é o estado com o maior número de instituições públicas de ensino superior e de institutos de ciência e tecnologia do país, o que dá dimensão do protagonismo do estado.

“Temos mais de 20 instituições públicas que produzem conhecimento, tecnologia, patentes e inovações no nosso estado, o que mostra uma vocação natural para as áreas de tecnologia e de inovação. A pauta da ciência é importante porque entendemos que o investimento em instituições de pesquisa fomenta uma economia competitiva e que levará Minas para um novo patamar", afirmou.

Reitora: é necessária atuação conjunta
Sandra Goulart: capital intelectualFoto: Jebs Lima / UFMG

A reitora Sandra Regina Goulart Almeida acrescentou que deve haver uma sinergia entre poder público, empresas e imprensa para que a vocação de Minas Gerais gere bons frutos. “Temos potencial financeiro e de capital intelectual para atuar em prol da ciência, da tecnologia e da inovação. Para isso, é necessária essa atuação conjunta por meio do pacto.”

A deputada estadual Beatriz Cerqueira, que preside a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), falou sobre a importância da atuação do poder legislativo na criação de um Pacto da Ciência pela Inovação. 

Para ela, essa pauta possibilita a garantia de um futuro melhor para as futuras gerações. “A política acontece com a nossa presença ou com a nossa ausência, então é essencial que estejamos presentes para disputar o orçamento e garantir o investimento público nas questões dessa área", defendeu

O ecossistema de inovação em Minas Gerais
A primeira mesa-redonda reuniu agentes e órgãos públicos que apresentaram iniciativas e mostraram o panorama da inovação no estado. O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), Carlos Arruda, contou a história da Fundação, explicitando que, à época de sua criação, o conceito de ‘inovação’ não estava previsto no arcabouço da incipiente agência de fomento. 

Presidente da Fapemig explicou a cadeia de valor da inovação
Carlos Arruda: superação de gargaloFoto: Jebs Lima / UFMG

“Naquela época, o objetivo era pesquisa, ciência e tecnologia, e a palavra inovação não fazia parte disso. Hoje temos como missão o desenvolvimento científico, tecnológico e inovador, que ocorre por meio de uma cadeia de valores que deve envolver a formação de recursos humanos, a produção do conhecimento científico, a transferência da tecnologia e a inovação. A atuação nessa cadeia completa permitirá a superação do gargalo que hoje existe na inovação do nosso estado", explicou.

O presidente do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC) abordou a importância dos parques para a produção de inovação no país, uma vez que esses locais reúnem universidades, centros de pesquisa, setor público e iniciativa privada. 

“O BH-TEC é um instrumento essencial para que o estado e a prefeitura consigam executar suas políticas de desenvolvimento tecnológico. Por isso, ter o BH-TEC aqui ao lado da UFMG faz toda a diferença. "Contar com um parque tecnológico facilita a  nossa empreitada de produzir conhecimento e inovação", disse o presidente. 

Muls: imprensa tem papel importante
Muls: agenda compartilhadaFoto: Jebs Lima / UFMG

A jornalista Adriana Muls, presidente do Jornal Diário do Comércio, afirmou que a imprensa tem a função de contribuir para fortalecer o ecossistema da inovação. A jornalista apresentou algumas iniciativas do Diário do Comércio e salientou que a integração entre os atores é essencial para o desenvolvimento tecnológico.

“Vivemos em um mundo de exacerbação de conflitos em diversas áreas, como a ambiental, a econômica, a geopolítica e a social. As questões são complexas. O ecossistema que vamos criar por meio deste Pacto será uma rede de entidades, indivíduos e governo interagindo em uma agenda compartilhada de inovação.”

Muls destacou, ainda, o poder transformador do jornalismo que, segundo ela, é peça essencial no ecossistema da inovação. “É preciso avançar urgentemente para envolver a sociedade em desafios compartilhados. A sociedade deve se articular para um projeto de futuro, e a comunicação pode ser usada de forma estratégica para a inovação do nosso país", concluiu.

Programação
A programação do evento segue ao longo do dia. Na parte da tarde, a partir das 14h, haverá apresentação do balanço da primeira rodada do programa Motirõ, da Fundepar,  e a mesa redonda sobre Desenvolvimento de negócios de impacto e o compromisso da inovação com sustentabilidade. O encerramento está previsto para às 16h, com a conferência magna Pelo Pacto Global da ONU: ciência e inovação no combate às desigualdades, com a presidenta do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros.

Luana Macieira