Professoras da UFMG que resistiram à ditadura são homenageadas pela Câmara de BH
Ceres Pimenta, que integrou a Comissão da Verdade de Minas Gerais, e Magda Neves, uma das fundadoras do movimento feminino pela anistia, estão entre as mulheres que lutaram contra o arbítrio

A Câmara Municipal de Belo Horizonte realizou, na última segunda-feira, dia 17, Reunião Especial em Memória e Luta das Mulheres contra a Ditadura Militar (1964-1985). O evento, realizado no Plenário Prefeito Amintas de Barros, teve a participação da professora Guiomar Frota, diretora da Universidade de Direitos Humanos, vinculada à Pró-reitoria de Extensão (Proex).
A solenidade, aberta ao público, destacou o papel das mulheres na luta e na resistência ao autoritarismo. Entre as homenageadas estavam a ex-diretora do Centro de Comunicação (Cedecom) da UFMG, Maria Ceres Pimenta Spínola, e a professora aposentada Magda Neves, uma das fundadoras do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (Nepem) da Fafich. As homenagens foram prestigiadas por familiares, movimentos sociais, ativistas e pesquisadores.
Homenageadas
Ceres Pimenta é graduada em Serviço Social pela PUC Minas (1970), mestra em Educação pela UFMG (1982) e doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1994). Ela dirigiu o Centro de Comunicação da UFMG, foi subsecretária de Direitos Humanos de Minas Gerais e integrou a Comissão da Verdade em Minas (Covemg). Perseguida durante a ditadura, foi uma das homenageadas, em 2024, com o Diploma Diva Moreira, concedido pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos.
Graduada em Serviço Social na Universidade Federal de Juiz de Fora (1968), Magda Neves foi integrante da Ação Popular (AP), presa e expulsa do mestrado na UFMG em 1972 por força do decreto 477. Mudou-se com a família para a França em 1973 e lá permaneceu até 1975. No ano seguinte, iniciou sua carreira como professora da UFMG e ajudou a fundar o Movimento Feminino pela Anistia em Minas Gerais. Magda Neves também é uma das fundadoras do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (Nepem) da Fafich.
A reunião especial foi proposta pela vereadora Luiza Dulci (PT), que ressaltou o protagonismo feminino na luta contra a ditadura. Segundo ela, as mulheres tiveram papel fundamental na resistência ao autoritarismo e à violência do regime. “Relembrar essa história é essencial para que o passado nunca mais se repita e a democracia do nosso país fique cada vez mais forte”, afirmou.
A cerimônia foi transmitida pelo canal da CMBH no Youtube.