Instituto de Ciências Biológicas comemora 50 anos de fundação
Relevância, trajetória e desafios da Unidade foram destacados em cerimônia nesta quarta
Os 50 anos de fundação do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) foram comemorados em cerimônia realizada na tarde desta quarta-feira, 28. “Na Universidade, somos o Instituto que mais envia doutores para o exterior. O ICB também é responsável por cerca de um quarto das publicações científicas da UFMG”, enumerou o diretor da unidade, professor Carlos Augusto Rosa. Criado no âmbito da Lei da Reforma Universitária, de 28 de novembro de 1968, o ICB é a quarta maior unidade acadêmica da UFMG, com dez departamentos.
Representando na solenidade a Reitoria da UFMG, o pró-reitor adjunto de Pesquisa, professor André Ricardo Massensini, destacou a importância do cinquentenário do ICB como marco histórico. “Ao longo das últimas cinco décadas, o panorama da Universidade foi rapidamente transformado, especialmente porque, a partir de 1968, foi reconfigurada sua estrutura interna, definindo o que hoje somos”, comentou.
Fazendo referência ao cenário de ruptura política vivenciado no país [especialmente à promulgação da Emenda Constitucional 95], o pró-reitor defendeu, em seu pronunciamento, os investimentos em educação, saúde, ciência e tecnologia. “Devemos estar unidos, engajados e atentos para a elaboração de políticas de Estado que preservem o legado das universidades, o que inclui a liberdade de expressão, os valores éticos e democráticos e o Estado de Direito, como prevê a Constituição Federal”, considerou.
Na solenidade, foi prestada homenagem à servidora técnico-administrativa aposentada Maria José Perdigão Fonseca, falecida no último mês de junho. Sofia Perdigão, como era conhecida, trabalhou de 1974 a 2006 na seção de serviços gerais do ICB e foi uma das fundadoras, em 1991, do Coral Cantáridas.
Desafios
O professor emérito da UFMG, Tomaz Aroldo da Mota, reitor da universidade na gestão 1994-1998 e diretor do ICB por dois mandatos (1990-1994 e 2010-2014), falou sobre a “precariedade” superada em diferentes momentos ao longo da história do Instituto. “Quando aqui desenvolvi minha pesquisa de doutorado [na década de 1970], chegamos a recorrer a laboratórios de outros estados para obter camundongos para experimentação. Além disso, os departamentos, laboratórios e salas de aula funcionavam de maneira dispersa, em prédios situados em diferentes pontos da cidade”, enumerou. “No passado, a 'precariedade' era consequência da indisponibilidade financeira do governo. Hoje, o limite de investimentos está definido constitucionalmente. Ou seja, a escassez de recursos deixou de ser conjuntural e passou a ser estrutural”, criticou o ex-reitor.
Tomaz Aroldo concluiu seu discurso recomendando que a comunidade do ICB se mantenha unida e perseverante, ainda que venha a sofrer, mais uma vez, com a ameaça de "precariedade". “O insuficiente, o que limita e o que censura, nos ensinou que juntos podemos enfrentá-lo e superá-lo. Se nos próximos tempos ocorrer o precário, estejam juntos, pois esses tempos vão passar”, finalizou o ex-diretor, bastante aplaudido pelos presentes.
Além de Tomaz Aroldo, outros dirigentes do ICB de gestões anteriores, professores eméritos e o servidor técnico em assuntos educacionais, Darcy Ferreira dos Santos, participaram de uma mesa-redonda, na qual partilharam experiências vivenciadas no ICB. A programação foi encerrada com um debate aberto à comunidade.