Comunicar a ciência
UFMG integra INCT que investiga percepção pública do conhecimento, popularização e relações com a mídia
A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2017 marcou o início das atividades do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia, o INCT-CPCT, rede de grupos de pesquisa que envolve 125 pesquisadores e estudantes de 15 universidades e instituições científicas de todas as regiões brasileiras e de outros países. A UFMG é uma das instituições que integram o grupo, com participação de quatro docentes, alunos e ex-alunos.
Um dos idealizadores da iniciativa e membro do comitê gestor do INCT-CPCT é o professor Yurij Castelfranchi, do Departamento de Sociologia da UFMG. Também integra a rede a professora do ICB Débora D’Avila, coordenadora do projeto de extensão Universidade das Crianças, iniciativa de divulgação científica que trabalha com oficinas e produção de curtas de animação, textos ilustrados, áudios e livros. As professoras Valéria Raimundo, do Departamento de Comunicação Social, e Adlane Vilas-Boas, do ICB, completam o time da UFMG.
Linhas
“É um privilégio para o país contar com um instituto que atue nessa área de diálogo com a sociedade e a democracia; o Brasil é carente de atividades nesse eixo. O desenvolvimento da ciência e tecnologia de ponta está no topo dos orçamentos, mas, cada vez mais, percebe-se a importância não só da produção do conhecimento, mas de sua percepção e recepção pela sociedade”, comenta o professor Yurij Castelfranchi.
A UFMG desenvolve dez pesquisas, divididas entre as quatro principais linhas de investigação do INCT-CPCT: Percepção pública da ciência e tecnologia; Ciência na mídia, estudos de representações sociais, das relações entre ciência e mídia e de audiência/recepção; Estudos em museus de ciência e tecnologia e outros espaços científico-culturais; Políticas públicas em popularização da ciência e tecnologia e participação cidadã.
Pesquisadores da UFMG estão desenvolvendo enquete nacional com jovens de 15 a 18 anos sobre a percepção pública da ciência, que buscará entender como fatores como classe social, religião ou escolaridade influenciam a relação dos jovens com a ciência. “É a primeira pesquisa com esse recorte no Brasil. Estudos preliminares mostraram que os adolescentes se interessam muito por ciência, e entender esse grupo é de fundamental importância para o desenvolvimento de qualquer política”, defende Castelfranchi.
Para entender a relação entre ciência e mídia, outro projeto da UFMG se inspirou em iniciativa da Universidade de Pádua, na Itália, onde um grupo de pesquisa de sociologia da ciência desenvolveu o Projeto Tips, que, por meio de softwares, analisa a veiculação e o tratamento conferido a temas científicos na mídia. A intenção é realizar pesquisas do gênero em toda a América Latina.
Com as crianças
Projeto de extensão do ICB, em parceria com a Escola de Belas Artes (EBA), Centro de Comunicação (Cedecom) e Diretoria de Divulgação Científica (DDC), o Universidade das Crianças produz juntamente com as crianças, com base em suas dúvidas, conteúdos sobre corpo humano, animais, plantas, astronomia, entre outros assuntos. Em 2016, foi criada a Rede Mineira das Universidades das Crianças, com o objetivo de expandir essas ações a várias cidades do interior de Minas Gerais. Até o momento, a iniciativa chegou à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, em Diamantina, e à Universidade Federal de Ouro Preto.
Os Institutos de Ciência e Tecnologia (INCT) são projetos de pesquisa de alto impacto, de médio e longo prazos, desenvolvidos por meio da constituição de redes de instituições que, em cooperação, voltam seus olhares e esforços para a solução de problemas nacionais em áreas estratégicas do conhecimento científico.
A iniciativa foi criada em 2008 pelo então Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Na última chamada para criação de INCTs, 345 propostas foram apresentadas para avaliação, e 252 receberam recomendação para financiamento. Em um primeiro momento, foram escolhidos 101 projetos para receberem os recursos, entre eles, o INCT-CPCT.
[Matéria publicada no Portal UFMG em 27/10/2017]