Institucional

Universidade tem compromisso com dores e alegrias da sociedade, diz Pepe Mujica

Em fórum de direitos humanos da AUGM, ex-presidente uruguaio ressaltou papel dessa instituição na integração da América Latina

Pepe Mujica foi homenageado com distinção máxima conferida pela Universidade do Chile
Pepe Mujica foi homenageado com distinção máxima pela Universidade do Chile Foto: Felipe PoGa e Alejandra Fuenzalida | Universidade do Chile

“A universidade que conta é a que eleva a qualidade do povo a que pertence”, defendeu José Mujica, presidente do Uruguai de 2010 a 2015, em apresentação feita no Salão de Honra da Casa Central da Universidade do Chile, na noite dessa terça-feira, 6 de dezembro. Na conferência, que integra a programação do 2° Fórum de Direitos Humanos da Cátedra de Direitos Humanos da Associação de Universidades Grupo Montevidéu (AUGM), Pepe Mujica tratou do tema Direitos humanos e democracias contemporâneas.

Ao tratar do papel das universidades na integração da América Latina, Mujica afirmou que “não há nada mais importante do que a vida das universidades”, mas alertou que “[a universidade] não pode ser uma flor de estufa, um requinte intelectual de um mundo exótico. Ela é um compromisso com as angústias, com as dores e com as alegrias de sua sociedade, é o lúmen pensante”.

Logo na abertura, após ser homenageado com a Medalha Reitoral da Casa de Bello, distinção máxima conferida pela Universidade do Chile, Mujica pediu: “Não me chamem de ex-presidente. Me chamem como meu povo me chama: Pepe.” “Estou aqui porque estou gastando os últimos cartuchos que me restam por um mundo que não verei e lutando pela integração da nossa América”, disse Pepe Mujica. 

Ainda a propósito da integração dos países do continente, Mujica lembrou que “a civilização é filha da cooperação”. Ele disse ainda: “Nós é que temos que cultivar a democracia. A esquerda, a direita, o centro. Mas, para isso, devemos respeitar valores comuns. Façam tudo que for possível para não cultivar o ódio”, conclamou. 

Aos 87 anos, o ex-presidente destacou que sua militância teve início bem cedo, aos 14 anos, e compartilhou uma percepção sobre a região: “Não há massa de população mundial como nós, que vivemos do Rio Grande para baixo e que, se falarmos devagar, conseguimos nos entender.”

Luta social
Ao defender a luta social como forma de vida, Pepe Mujica salientou que não falava apenas como acadêmico. “Continuo sendo um lutador social, e o mundo que teremos será o mundo que seremos capazes de criar e pelo qual vamos lutar”, disse. Para a construção desse mundo, segundo ele, “é necessário que as pessoas se comprometam, que deem uma causa à própria existência". 

“Precisamos também de tempo para os afetos, porque não somos robôs, não somos máquinas. Somos um corpo de água com sensibilidade, a aventura da molécula, as coisas que palpitam sobre a terra, que sofrem, que choram, que têm afeto. Não somos uma pedra”, defendeu Mujica.

Universidades e futuro

Sandra Goulart: não há futuro sem universidades
Sandra Goulart: não há futuro sem universidades Foto: Felipe PoGa e Alejandra Fuenzalida | Universidade do Chile

Na abertura da conferência, a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, atual presidente da AUGM – ela é a primeira mulher a presidir a associação em 30 anos de história –, convidou os presentes a "pensar como nós, universidades e países, podemos colaborar para construir juntos países que sejam melhores, mais justos, mais colaborativos e mais solidários”.

"As universidades são as instâncias que vão criar o futuro de nossos países. Não se pode criar um futuro sem as universidades. Este espaço tem um papel muito importante, porque não apenas formamos pessoas, como também estamos a serviço da sociedade e dos nossos povos. Juntos, podemos fazer muito mais”, defendeu.

Veja a conferência.

Com informações da Assessoria de Imprensa da Universidade do Chile