Tese compara censura das ditaduras brasileira e argentina ao cinema
Pesquisa foi desenvolvida no programa de Pós-graduação em História
Moral e política são dimensões que se misturam, sobretudo em regimes ditatoriais, e mais ainda nos aparatos da censura à produção artística promovida por esses regimes. A historiadora Ana Marília Menezes Carneiro encontrou essa combinação ao investigar, para o doutorado na Fafich, o controle sobre os filmes produzidos durante as recentes ditaduras no Brasil (1964-1983) e na Argentina (1966-1973 e 1976-1983). Mas o estudo comparado encontrou outras semelhanças e algumas diferenças importantes entre os cenários.
De acordo com a pesquisadora, diferentemente do que se viu no Brasil, a participação da comunidade católica argentina foi direta. "Desde a primeira metade do século 20, os católicos dedicavam-se à classificação de filmes. Quando o país esteve sob ditaduras, eles tiveram assento oficial no Ente Nacional de Calificación, o órgão de controle argentino”, conta.
No Brasil, segundo Ana Marília, os católicos não penetraram na estrutura censória, mas atuaram como grupo de pressão, que a Divisão de Censura a Diversões Públicas certamente não ignorava.
Matéria sobre a pesquisa foi publicada na edição 2.054 do Boletim UFMG.