Stalking: denúncias de perseguição aumentam em Minas Gerais e mulheres estão mais vulneráveis ao crime
Reportagem da Rádio UFMG Educativa explica o que configura o stalking e apresenta relatos de vítimas de perseguição
O crime de stalking, tipificado em 2021, consiste em perseguir alguém reiteradamente, seja pela internet ou pessoalmente, com pena prevista de seis meses até dois anos de reclusão e multa. De acordo com dados divulgados pela Polícia Civil de Minas Gerais, nos dez primeiros meses de 2022, nove pessoas foram vítimas de stalking por dia no estado.
Esse cenário foi apresentado na reportagem da Rádio UFMG Educativa, que ouviu a delegada Renata Ribeiro, da Divisão Especializada em Atendimento à Mulher, ao Idoso, à Pessoa com Deficiência e Vítima de Intolerância; a professora Érika Lourenço do Departamento de Psicologia da UFMG; e uma vítima do crime de stalking que, para preservar sua identidade, teve seu relato lido pela jornalista Enaile Almeida.
Disseminação do stalking
Com o avanço das tecnologias e o uso em massa das redes sociais digitais nos últimos anos, o stalking ganhou novas formas, demandando mudanças no código penal que permitissem mensurar com precisão os casos de perseguição no Brasil. De acordo com a delegada Renata Ribeiro, esse cenário se relaciona com o aumento da exposição pessoal no meio virtual e a falsa sensação de impunidade gerada pela internet: “O stalking é uma conduta que sempre aconteceu e sempre configurou uma forma de violência psicológica. Apesar de ainda se dar no meio presencial, a grande maioria das denúncias partem de comportamentos virtuais.”
Mulheres estão mais vulneráveis ao crime
Dados divulgados pela Polícia Civil apontam que, de 3.343 denúncias de perseguição registradas em Minas Gerais desde outubro de 2021, 2.780 vítimas são do sexo feminino. Entre os suspeitos, 1.632 são ex-companheiros ou ex-cônjuges das vítimas.
Em 2013, a professora do Departamento de Psicologia da UFMG Érika Lourenço foi vítima de stalking. A perseguição só chegou ao fim após um processo jurídico que se estendeu por mais de um ano, no qual a vítima conseguiu o direito à revelação do endereço de origem das mensagens e ameaças. “Eu tive condições de buscar um advogado particular, e tudo se resolveu a partir da contratação dele. Me preocupa pensar nas vítimas que não teriam acesso a esse serviço ou à informação e que ficam expostas ao desamparo. Muitas vezes o machismo e a violência também ficam evidentes nos processos de denúncia”, compartilha a docente.
Escute a reportagem da Rádio UFMG Educativa:
Produção
Esta reportagem foi realizada por Laura Portugal sob orientação de Alessandra Dantas e Luiza Glória.