Seminário revela quem são as 'mulheres das políticas para mulheres'
Aberto na manhã de hoje, evento segue nesta sexta, 17; serão lançados dois livros sobre conclusões de pesquisa
Os resultados da pesquisa Quem são as mulheres das políticas para mulheres? foram apresentados na manhã desta quinta-feira, 16, durante abertura de seminário internacional coordenado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (Nepem/UFMG). A programação segue ao longo desta tarde, com a mesa-redonda Os processos da institucionalização das demandas das mulheres no Estado, e nesta sexta-feira, 17, das 9h30 às 18h30, no auditório da Reitoria, campus Pampulha.
Os dados de conclusão da pesquisa geraram dois livros, que serão lançados durante o evento e publicados também on-line: O feminismo estatal participativo brasileiro e Expressões feministas nas Conferências Nacionais de Políticas para as Mulheres.
A reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, enfatizou a importância da pesquisa para o movimento feminista, especialmente neste momento político do país. “A Universidade se orgulha dessas publicações e parabeniza as coordenadoras da pesquisa, que traz dados novos para as produções sobre o feminismo contemporâneo. Fico muito feliz em ver as jovens mulheres afirmarem, como eu, que são feministas, com muito orgulho”, disse. Comentou também sua própria trajetória para lembrar que a UFMG, após 90 anos, tem apenas a terceira mulher como reitora. “Isso mostra a luta que temos pela frente e, por isso, temos que nos unir”, afirmou.
Participaram também da abertura as coordenadoras da pesquisa – Marlise Matos, do Nepem, Sônia Alvarez, da University of Massachusetts/Amherst (EUA) e Solange Simões, da Eastern Michigan Universityna, (EUA), que apoiou os estudos –, a pró-reitora de Extensão, Claudia Mayorga, o vice-diretor da Fafich, Bruno Reis, e a subchefe do Departamento de Ciência Política, Cláudia Faria.
Perfil
Foram aplicados dois questionários para levantar a trajetória participativa das delegadas presentes na 3ª e na 4ª Conferência Nacional de Políticas para Mulheres (CNPM), realizadas em 2011 e 2016. Segundo a professora Solange Simões, a metodologia survey contribuiu para que fosse possível fazer generalizações sobre o conjunto de delegadas das duas conferências, por meio de amostra representativa.
“Os surveys possibilitaram abordar, em tempo reduzido, várias questões, desde o que as mulheres pensavam sobre o feminismo até a avaliação que elas faziam das políticas públicas para mulheres, além de traçar a trajetória ativista das delegadas”, comentou.
Os resultados, na avaliação da professora, que também representa a organização Sociologists for Women in Society, vinculada à ONU, revela como o feminismo no Brasil está difuso, presente não somente em grupos de mulheres, mas em diversas formas de organização.
No capítulo Mulheres das CNPM são feministas?, assinado pela professora, ela explica que, apesar da maioria dizer que é feminista, no primeiro momento as entrevistadas não conseguiam apresentar conceitos bem definidos sobre o tema. "Mas, em outras questões, elas revelaram um ativismo com base na justiça social, que inclui questões étnicas, de raça e de classe social, e não somente na igualdade de gênero”, observa.
Na opinião da pesquisadora, o movimento feminista no Brasil está implantando os mecanismos institucionais propostos pela Conferência Mundial para Mulheres, da ONU, em 1995. "E essa pesquisa é um registro dessa contribuição brasileira para as políticas de igualdade de gênero. No feminismo transnacional, há diálogo, o que dá força e amplitude para nossa luta”, acrescenta.
A pesquisa foi subsidiada pela Secretaria Nacional de Política para Mulheres e contou com participação voluntária de estudantes do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB).
A programação do evento está disponível na página do Nepem no Facebook.
Veja matéria sobre a pesquisa no Boletim UFMG.