Política de acolhimento a refugiados da UFMG será apresentada em webinário da ONU
Universidade já recebeu mais de 60 refugiados desde que aderiu à Cátedra Sérgio Vieira de Mello, em 2020
Nesta quarta-feira, 13 de novembro, a Agência da ONU para Refugiados (Acnur) promove webinário que visa sensibilizar as universidades brasileiras para a importância da inserção de populações refugiadas no ensino superior. A agência vai lançar em 2025 o movimento Each one take one, que vai estimular as instituições a reforçar sua adesão à meta global da ONU de matricular 15% dos refugiados no ensino superior até 2030.
Reconhecida pelos esforços que tem feito para acolher refugiados e apátridas, a UFMG foi convidada para apresentar suas ações na área. A exposição ficará a cargo da professora Carolina Moulin, do Departamento de Ciências Econômicas da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG. Ela vai apresentar as iniciativas da Universidade que contribuem para o alcance da meta da ONU. Segundo Carolina, a UFMG, no âmbito do escopo da Cátedra Sérgio Vieira de Mello, já realiza ações direcionadas aos refugiados.
“Desde que aderimos à Cátedra Sérgio Vieira de Mello da ONU, em 2020, mais de 60 refugiados ingressaram nos cursos de graduação da UFMG nas chamadas anuais. Apresentarei a nossa Política de Acolhida de Refugiados, que foi aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) em 2019. Ela regulamentou a oferta de vagas aos refugiados nos nossos cursos de graduação”, diz a professora, que coordena a cátedra no âmbito da UFMG.
Carolina Moulin explica que a Cátedra Sérgio Vieira de Mello, que foi criada em 2003 e conta com mais de 50 universidades, é essencial para o acolhimento de refugiados pelas instituições brasileiras. A rede é especializada na promoção de ações destinadas a garantir e ampliar o acesso desse grupo a direitos e serviços no país.
“Temos avançado bastante nas políticas de acolhimento, nas atividades de pesquisa e na participação na discussão de políticas públicas para os refugiados. Porém, ainda há muito o que avançar, pois é necessário, além de acolher, garantir a permanência dos estudantes refugiados nas universidades. Precisamos de políticas afirmativas de apoio para esses grupos e de ações para sensibilizar a comunidade acadêmica, além de apoio linguístico e psicológico, por exemplo.”
A professora acrescenta que também são necessárias políticas que facilitem a revalidação dos diplomas dos refugiados que se formaram em seus países de origem, pois, segundo ela, o processo ainda é muito burocrático e inclui exigências documentais que os refugiados muitas vezes não conseguem atender. "Facilitar o reconhecimento desses diplomas é uma tarefa para as universidades públicas", diz Carolina.
Acolhimento e direitos humanos
A política de acolhimento de refugiados da UFMG já havia sido apresentada em outro painel da Acnur, realizado no início do mês passado, no âmbito da World Academic Summit, da agência Times Higher Education (THE). O encontro de cúpula foi sediado na Universidade de Manchester, na Inglaterra, e reuniu cerca de 500 delegados.
No painel que tratou das políticas universitárias para refugiados, a experiência da UFMG foi apresentada pelo diretor do Escritório de Governança de Dados Institucionais, professor Dawisson Belém Lopes. Ele explicou como a instituição conseguiu ampliar o escopo da população impactada por suas ações de acolhimento, passando a receber imigrantes em situação de vulnerabilidade, e não apenas refugiados.
Dawisson também destacou o impacto da implementação de políticas para refugiados sobre os rankings universitários e para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Tal abordagem já havia sido feita por ele durante o Painel UFMG Sustentável, que integrou a Semana do Conhecimento, no fim de outubro.
“A universidade deve promover os direitos humanos. No caso específico dos refugiados, temos uma política pioneira no país. Acolhemos estrangeiros vulneráveis de perfis diversos, dando a eles acesso ao ensino superior e a uma rede de apoio com moradia e alimentação. Isso muda a vida dessas pessoas”, relatou o diretor, na ocasião.