Pesquisa indica que pode não existir dose segura de cafeína para gestantes
Estudo de doutoranda do ICB foi premiado em congresso na Argentina
O Brasil é o maior produtor mundial de café, de acordo com levantamento da Organização Internacional do Café em 2018. Entretanto, a cafeína, seu principal ativo, também está presente em outros produtos, como refrigerantes de cola e chocolate. No Laboratório de Biologia Estrutural e Reprodução, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, estudo experimental mostra que a dose máxima recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o consumo da bebida durante a gestação pode ser insegura.
A pesquisa foi desenvolvida pela doutoranda em Biologia Celular Thaís de Mérici e Paula, com orientação dos professores Fernanda Almeida e Enrrico Bloise, do Programa de Pós-graduação em Biologia Celular. A pesquisadora, desde os tempos de graduação, desconfiou da dose segura segundo a OMS e decidiu pesquisar o assunto. O estudo parte do pressuposto de que a ingestão da cafeína durante a gravidez pode comprometer o desenvolvimento folicular ovariano, fetal e placentário.
Os testes foram realizados com base na ingestão das atuais doses consideradas seguras na gestação e de doses mais altas em camundongos prenhes, das linhagens Swiss e C-57 Black. O estudo recebeu o prêmio YW Loke New Investigator Travel Award 2019, no congresso da Federação Internacional das Associações de Placenta, na Argentina.
Com os resultados encontrados, o grupo de pesquisadores afirma que a dosagem considerada segura durante a gravidez precisa ser urgentemente revista na prática clínica com pacientes humanos. A equipe planeja agora investigar a ingestão de cafeína durante a amamentação.
Ficha técnica: Yves Vieira (produção e reportagem); Antônio Soares e Lucas Tunes (imagens); Marcia Botelho (edição de imagens); Renata Valentim (edição de conteúdo).