Lançamento de bombas nucleares sobre Hiroshima e Nagasaki completa 75 anos
Professor da USP Alexandre Uehara falou sobre esse triste episódio da história mundial e analisou, em entrevista ao programa Conexões, como o Japão se reconstruiu após os ataques
Setenta e cinco anos após o lançamento das bombas nucleares sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no final da Segunda Guerra Mundial, pelos Estados Unidos, as tradicionais homenagens às 200 mil vítimas dos dois ataques foram reduzidas no Japão. Em meio à pandemia do novo coronavírus, com restrições de grandes eventos para conter a transmissão da doença, neste ano, a cerimônia das lanternas flutuantes de Hiroshima, colocadas na água durante a noite, em memória das vítimas, foi cancelada.
Os japoneses acompanharam, pela internet, a principal solenidade em Hiroshima, na última quinta-feira, 6, com a participação de sobreviventes e familiares, do primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, e de outras autoridades. Em Nagasaki, o domingo foi de homenagens, com restrição de participantes. O número de pessoas autorizadas foi reduzido em 90% em relação aos anos anteriores.
Apesar das manifestações restritas, os dias 6 e 9 de agosto, datas dos dois ataques, são lembrados todos os anos no Japão. Nesta segunda-feira, 10,o professor Alexandre Uehara, mestre e doutor em Ciência Política pela USP, onde atua como docente do Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Japonesa, falou sobre esse triste episódio da história mundial e analisou, em entrevista ao programa Conexões, como o país se reconstruiu depois das bombas atômicas.
Segundo o professor, os ataques foram "um marco importantíssimo" na história japonesa, e dividiram o país em "um antes" e "um depois" da bomba nuclear. "O Japão tinha uma política bastante expansionista, de ocupação de territórios vizinhos, com exército e marinha muito fortes. Após a rendição, o país adotou uma constituição pacifista, que faz algumas restrições à utilização de forças militares e, desde então, tem sido um país que tem adotado uma linha bastante reservada em termos de armas e uso militar", avaliou.
Durante as homenagens, o prefeito de Nagasaki, Tomihisa Taue, fez um apelo para que o governo japonês assine o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares da ONU, já ratificado por cerca de 40 países. No entanto, o Japão, a primeira nação vítima de uma bomba atômica no mundo, continua se recusando a tomar a medida. Desde os ataques a Hiroshima e Nagasaki, nenhum outro país voltou a usar bombas nucleares.