No Brasil, apesar de não ser regulamentado, o trabalho sexual figura, desde 2002, na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Mas bem antes disso, em meados da década de 1980, trabalhadoras sexuais já se organizavam coletiva e politicamente em busca de direitos.

O episódio 111 do Aqui tem ciência, produção da Rádio UFMG Educativa, aborda uma tese de doutorado, defendida na UFMG, que estudou como as trabalhadoras sexuais de Belo Horizonte interagem com organizações religiosas que atuam na área. O trabalho de Clara Oliveira, iniciado em 2016, foi feito na região da Rua Guaicurus, zona boêmia do centro da capital mineira, onde cerca duas mil trabalhadoras sexuais exercem sua profissão e onde muitas delas residem.

A tese de doutorado de Clara investigou as relações de ajuda entre as trabalhadoras cis, que nasceram com o órgão sexual feminino e se identificam com o gênero feminino, e três grupos religiosos que promovem ações de ajuda às trabalhadoras: um de orientação católica e dois de base protestante. 

O estudo foi desenvolvido com base em uma epistemologia feminista. Os resultados mostram que as relações de ajuda que têm a Rua Guaicurus como palco se distanciam das ideias de controle e dominação. A tese aponta para uma desnaturalização dessas relações, inclusive com a ocorrência de uma espécie de ajuda mútua entre os grupos.

Clara Oliveira é professora do Instituto Federal de São Paulo (IFSP/Campus Sorocaba) e desenvolveu seu trabalho de doutorado no Centro de Pós-graduação e Pesquisas em Administração (Ceped) da UFMG, na linha de estudos organizacionais. A defesa da tese foi em janeiro de 2022

Raio-x da pesquisa

Tese: Sobre dar e receber ajuda na zona: relações entre organizações religiosas e trabalhadoras sexuais em Belo Horizonte

O que é: pesquisa de doutorado sobre relações de ajuda entre grupos religiosos e prostitutas e/ou mulheres que exerceram a prostituição na região da Rua Guaicurus, em Belo Horizonte.

Pesquisadora: Clara Luisa Oliveira Silva

Programa de Pós-graduação: Administração
Orientador: Luiz Alex Silva Saraiva (UFMG)
Coorientadora: Adriana Gracia Piscitelli (Unicamp)
Ano da defesa: 2022

Produção
O episódio 111 do Aqui tem ciência teve produção e apresentação de Alicianne Gonçalves e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos da UFMG e busca abranger todas as áreas do conhecimento.

A cada segunda-feira de março, um novo episódio aborda pesquisas feitas na UFMG por mulheres e sobre mulheres. Na próxima segunda-feira, 28 de março, o Aqui tem ciência apresentará a dissertação de mestrado de Kyze Quintela, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Medicina Molecular. A pesquisadora estudou sintomas ansiosos em mulheres gestantes e puérperas com Transtorno Depressivo Maior. 

O Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast, como o Spotify, e vai ao ar na frequência 104,5 FM e no site da Rádio, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.