'Greenwashing': professor da Comunicação denuncia prática na organização da Stock Car
Em entrevista ao programa Expresso 104,5, da Rádio UFMG Educativa, Daniel Reis citou ações como desvio de atenção e silenciamento de impactos ambientais
O termo greenwashing (em inglês, limpeza verde, em tradução livre) é usado para definir um conjunto de estratégias abusivas de comunicação que tem sido adotado por empresas e outras instituições com o objetivo de projetar uma imagem de sustentabilidade sobre determinado produto ou iniciativa, por exemplo, sem que isso seja acompanhado de ações efetivas nesse sentido.
Essa prática tem se tornado cada vez mais comum, diante da crescente demanda da sociedade por medidas sustentáveis, que promovam a preservação do meio ambiente. Em resumo, greenwashing ocorre quando as empresas adotam um “discurso verde”, mas não mudam seus modelos de negócio em prol da proteção ambiental, ou até mesmo forjam ações para parecer que estão preocupadas com a sustentabilidade.
Stock Car e 'greenwashing'
Durante participação no programa Expresso 104,5, da Rádio UFMG Educativa, na última quinta-feira,11 de julho, o professor do Departamento de Comunicação Social da UFMG Daniel Reis Silva, integrante do Grupo de Pesquisas em Instituições, Públicos e Experiências Coletivas (Ipê) e um dos autores de estudo que analisou práticas de greenwashing por empresas do ramo da mineração, fez um paralelo com ações da organização da corrida Stock Car em Belo Horizonte, no entorno do campus Pampulha.
"Não podemos cair na armadilha de que este é um evento sustentável, apesar de que isso é o que vão tentar nos vender. Se analisarmos o conjunto das estratégias, veremos muitos desses marcadores de greenwashing", disse. Ele citou a tentativa de minimizar e silenciar impactos ambientais, além do desvio de atenção, como indícios dessa prática.
"Uma das estratégias usadas pela Stock Car em Belo Horizonte está relacionada com a própria desmobilização dos públicos, que nesse caso ocorre quando é realizada uma série de acordos longe dos holofotes. As pessoas não estão sabendo sobre acordos de cavalheiros que acontecem por detrás", prosseguiu.
Ouça na íntegra a entrevista, conduzida pelos jornalistas Luiz Fernando Freitas e Alessandra Ribeiro.