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Francisco Campos, da Medicina, é o novo emérito da UFMG

Professor foi um dos idealizadores do modelo do Internato Rural e compôs grupo que participou da gênese do SUS

Emérito Francisco Campos discursa no auditório da Faculdade de Medicina
Emérito Francisco Campos discursa no auditório da Faculdade de Medicina Foto: Foca Lisboa | UFMG

O professor Francisco Eduardo de Campos foi condecorado como professor emérito da UFMG, em cerimônia na noite dessa segunda-feira, 30 de outubro. O título é conferido a profissionais que têm contribuição decisiva e marcante para a Universidade. Entre as mais relevantes do novo emérito, destacam-se a criação do modelo de ensino do Internato Rural e o trabalho à frente do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon) da Faculdade de Medicina.

Em seu discurso de agradecimento, Francisco Campos reconheceu a dedicação da UFMG em diferentes frentes: a luta pela democracia em períodos diversos de sua história, o fomento à pesquisa, a excelência do ensino e a inserção social, que garante diversos serviços essenciais para a população. “Em 50 anos de dedicação à UFMG, deponho sobre o compromisso social da Universidade. Resistimos democraticamente e enfrentamos o negacionismo que nos acometeu nos últimos anos. A UFMG sempre foi protagonista desses processos”, afirmou.

Sandra Goulart: reconhecer pessoas
Sandra Goulart: a Universidade se nutre de contribuições singularesFoto: Foca Lisboa | UFMG

A reitora Sandra Regina Goulart Almeida destacou a importância do reconhecimento, pela UFMG, das pessoas que fazem da instituição “uma grande universidade”. “A UFMG é, sem dúvida, maior que todos nós, mas ela se nutre das contribuições singulares e significativas de seus membros, o que resulta na construção de um projeto coletivo ao longo de muitos anos”, disse. 

A professora Ana Lúcia Gazzola, reitora da UFMG na gestão 2002-2006, relembrou as contribuições de Francisco Campos para a Universidade, em especial para a Faculdade de Medicina, e também para o desenvolvimento de recursos humanos nos serviços de saúde pública do Brasil. “Francisco sempre enfatizou a relação entre a educação médica, a realidade da saúde pública e as práticas da saúde, em busca da superação das brechas entre educação e assistência. Sempre lutou pela integração das instituições de saúde, atuando na docência e na formação, na pesquisa e no planejamento, na programação e avaliação dos serviços de saúde do Brasil. É e sempre foi um profissional completo”, afirmou.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, também participou da cerimônia por meio de videoconferência, com transmissão pela assessoria do Ministério. “Muitas vezes, quando pensamos no SUS e no avanço de cidadania que o sistema representa, superando a condição histórica da cidadania irregular, garantindo o acesso universal, pensamos no financiamento, na gestão e nos serviços de atendimento de baixa e alta complexidade, mas nem sempre lembramos das pessoas, dos trabalhadores e trabalhadoras que fazem, de fato, o sistema acontecer. Esse foi um ensinamento que recebi de Francisco Campos”, declarou.

A cerimônia contou com a presença do pró-reitor de Pesquisa, Fernando Reis, da diretora da Faculdade de Medicina, Alamanda Kfoury Pereira, da vice-diretora, Cristina Alvim, de ex-diretores, famíliares e amigos de Campos, professores, alunos e servidores de diversas unidades da Universidade. 

Da esquerda para a direita, Cristina Alvim, Ana Lúcia Gazzola, Francisco Campos, Sandra Goulart e Alamanda Kfoury
A partir da esquerda, Cristina Alvim, Ana Lúcia Gazzola, Francisco Campos, Sandra Goulart e Alamanda Kfoury Foto: Foca Lisboa | UFMG

Qualificação do ensino médico
A trajetória de Francisco Campos na UFMG começou em 1970, quando ingressou no curso de medicina. Com a reforma curricular que definiu a implementação do internato rural, foi convidado a fazer parte do corpo docente da instituição, em 1976. “Criamos na UFMG o modelo do internato rural, instrumento que qualificou o sistema de ensino médico do país para dar conta das demandas de saúde características do Brasil e de sua população, promovendo educação profissional e assistência de saúde coletiva com atendimentos de qualidade em diversas regiões do país”, disse ele, durante a cerimônia.

Francisco Campos: dedicação à saúde coletiva
Francisco Campos: dedicação à saúde coletiva Foto: Foca Lisboa | UFMG

Médico sanitarista, Francisco Campos integrou as primeiras turmas de profissionais da saúde que gestaram as ideias que resultaram no SUS. Dedicou sua especialização em clínica geral e saúde coletiva a atender famílias em diversas regiões de Minas Gerais e do Brasil. No ensino médico, construiu um legado inestimável para a formação em medicina e para o SUS. 

Francisco Campos foi gestor e dirigente de inúmeros projetos do Ministério da Saúde, a partir de meados dos anos de 1980, e também da Universidade, propondo soluções e intervenções que ajudaram a fundamentar a atuação democrática da educação pública e da assistência à saúde. É especialista em Políticas de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Fiocruz. Além disso, implantou a Secretaria Executiva da Universidade Aberta do SUS, da qual foi titular de 2011 a 2017 e é o mais longevo secretário. 

O professor emérito também foi consultor permanente da Organização Pan-americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS), e atuou como representante adjunto do Brasil no Conselho Executivo da OMS.

Emérito da Medicina: Francisco Campos

Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina