Estudantes indígenas integram medicina tradicional à ocidental
Movimento alia atividades em sala de aula ao fortalecimento de redes de colaboração
O Programa de Vagas Suplementares para Estudantes Indígenas mantido pela UFMG está estimulando, em sala de aula, a integração da medicina convencional com aquela praticada pelos povos indígenas. Três estudantes indígenas já se graduaram na Faculdade de Medicina, uma está em curso e outros dois devem iniciar seus estudos neste semestre. Fora das salas, a meta é fortalecer redes de colaboração para que esse intercâmbio seja feito por “plataformas de tradução do conhecimento”, expressão usada para identificar as equipes de especialistas que transformam evidência científica em políticas públicas.
Em dezembro passado, o professor Ulysses Panisset, do Departamento de Medicina Preventiva e Social, e a estudante do 11º período de Medicina Adana Kambeba participaram de evento no Canadá, promovido pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Alberta. O objetivo foi discutir as melhores formas de integrar o conhecimento obtido por meio de métodos científicos ao conhecimento tácito, que vem da sabedoria de vida dos povos indígenas.
“No Canadá, existe o entendimento de que ‘as primeiras nações’, como chamam os povos indígenas, têm direitos adquiridos e conhecimentos que podem beneficiar toda a sociedade”, enfatiza o professor. No Brasil, no entanto, a perspectiva é outra. “O preconceito e a ignorância sobre a riqueza da nossa cultura indígena são uma barreira para o reconhecimento da influência desses povos e têm de ser combatidos com medidas práticas, como o programa de inclusão da UFMG”, alerta Panisset.
O tema é abordado em reportagem da edição 2.045 do Boletim UFMG.