Escravos eram alvos da Inquisição no Brasil, revela pesquisa
Igreja mantinha fiscais que denunciavam a prática de rituais religiosos e de mediação com o sobrenatural ao Tribunal do Santo Ofício

Os tribunais de inquisição, ligados à Igreja Católica Romana, que combatiam práticas que não estavam de acordo com a fé católica, a partir do século 16, não ficaram restritos à Europa. Eles também chegaram às colônias, como o Brasil.
A Igreja mantinha fiscais por aqui, responsáveis por denunciar ao Tribunal do Santo Ofício a prática de rituais religiosos e de mediação com o sobrenatural. Os grandes atingidos foram os negros trazidos como escravos, principalmente os centro-africanos, que cultuavam a ancestralidade e o pertencimento. Como punição, essas pessoas eram mandadas para regiões fronteiriças de Portugal ou entregues ao trabalho forçado em galés (barcos a remo usados na defesa do território).
O tema ganhou a atenção da pesquisadora Thaís Tanure, que escreveu a dissertação Nas terras remotas, o diabo anda solto: degredo, inquisição e escravidão no mundo atlântico português (séculos 16 a 18). O trabalho revela experiências vividas por negros expulsos do Brasil Colônia pela Inquisição. Ela falou sobre a pesquisa, durante entrevista ao programa Conexões.