CTNano comemora uma década e consolida-se como ambiente promotor de inovação
Em evento nesta quinta, gestores de ciência e tecnologia relembraram a trajetória do centro, referência brasileira no desenvolvimento e aplicação de materiais nanoestruturados
A nanotecnologia é uma realidade. São inúmeras as aplicações dos nanomateriais em vários setores da economia, como petróleo e gás, mineração e construção civil. Pesquisas realizadas no Centro de Tecnologia em Nanomateriais e Grafeno da UFMG (CTNano) geram materiais poliméricos e cimentícios avançados que, graças à mistura de grafeno e nanotubos de carbono, têm melhoradas suas propriedades mecânicas e se tornam mais resistentes.
Um dos pilares para o desenvolvimento desses nanomateriais e para a realização das pesquisas do CTNano é a parceria entre a academia e a indústria, uma das características que foram exaltadas nesta quinta-feira, dia 26, no evento virtual que celebrou os 10 anos de fundação do centro de pesquisas.
“Se há uma palavra que define muito bem o trabalho realizado pelo CTNano e de todos os seus pesquisadores de ponta é pioneirismo. Trata-se de um trabalho, desenvolvido desde a década de 1990, que une pesquisa básica, pesquisa aplicada e, principalmente, uma reflexão aprofundada sobre algo que para o Brasil é importantíssimo e que precisamos fazer de forma mais profissional, que é a relação entre as universidades, as empresas e indústrias e o poder público, a chamada tríplice hélice”, destacou a reitora Sandra Regina Goulart Almeida.
O coordenador do CTNano, professor Marcos Pimenta, do Departamento de Física, disse que o Centro foi a realização de um sonho. “Somos nove professores da UFMG que há dez anos tivemos um sonho. Fomos atrás e conseguimos transformá-lo em realidade." Ele lembra que o CTNano reúne 91 pessoas, sendo mais de 30 doutores e estudantes de vários níveis. “Acreditamos que ele tem um potencial enorme e agradecemos a todos que nos ajudaram a construir esse projeto", destacou.
Neste vídeo, o professor Marcos Pimenta dá mais detalhes dessa história.
Coordenadora executiva da CTIT, núcleo de inovação tecnológica da UFMG, Juliana Crepalde qualificou o CTNano como um “ambiente promotor de inovação” que “estimula a criação de alianças estratégicas no Brasil”. Ela mediou mesa-redonda que reuniu várias autoridades de ciência e tecnologia do Brasil que, de alguma forma, fizeram parte da história do CTNano nesses dez anos.
“Quando conheci o projeto do CTNano, em 2009, minha impressão foi que seria difícil. A viabilização de projetos de inovação tecnológica no Brasil, como todos aqui sabemos bem, sempre foi uma corrida de obstáculos. Na época, tínhamos uma equipe de pesquisadores brilhantes à frente do CTNano, mas não havia um gestor em tecnologia para liderar essa corrida que, para quem já participou de projetos dessa natureza, parece não ter fim”, relembrou o ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges.
Ex-presidente do BH-TEC e ex-reitor da UFMG, o professor Ronaldo Pena exaltou o trabalho conduzido por Marcos Pimenta: “Estamos aqui hoje celebrando dez anos de um projeto excepcional graças ao empenho, à competência, à resiliência e à capacidade de liderar do professor Marcos Pimenta. Rendo a ele as minhas homenagens. Ele foi capaz, ao longo de todo esse tempo, de manter uma equipe grande e sempre crescente, muito competente e unida, focada nos objetivos do projeto. E isso não é fácil.”
Atual presidente do CNPq e ex-presidente da Fapemig, o professor Evaldo Vilela destaca que o CTNano é uma referência nacional no campo da produção de conhecimento aplicado. “Ele quebrou paradigmas e comprova que as universidades brasileiras têm uma robustez muito grande", afirmou
Vitrine
Ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações e ex-reitor da UFMG, o professor Clélio Campolina realçou que o CTNano é hoje uma vitrine para a própria UFMG e para o Parque Tecnológico de Belo Horizonte, o BH-TEC. “Conhecimento científico não falta. O que falta é exatamente a mediação desse conhecimento para a sua aplicação direta”, afirmou. “O projeto CTNano é uma referência, tem que ser replicado, e nós temos que continuar defendendo. Precisamos nos conscientizar de que o mundo está numa corrida sem precedentes, e o Brasil ainda tem possibilidades de se engajar nela, mesmo com todas as dificuldades presentes. E só há um meio: investir em ciência, em educação básica, preservar as instituições e acreditar que esse é o caminho”, enfatizou Campolina.
O presidente do BH-TEC, Marco Crocco, e o da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa, Alfredo Gontijo de Oliveira, também compuseram a mesa. Enquanto Crocco destacou que o CTNano é um “instrumento fundamental de transferência de tecnologia da universidade para a sociedade”, Gontijo manifestou sua esperança de que experiências exitosas como a do Centro se transformem no “novo normal das instituições de ciência e tecnologia no Brasil".
Ao fim da mesa-redonda, Marcos Pimenta anunciou que está se aposentando da UFMG. Assim, os dez anos do CTNano também marcam a sua despedida como coordenador. Ele continuará atuando como pesquisador, e a professora Glaura Silva assume a coordenação ao lado do professor Rodrigo Gribel.