Comitê Permanente da UFMG publica primeiras normas para período de afastamento social
Substituição de aulas presenciais por atividades a distância depende de definição da Câmara de Graduação
As medidas relacionadas à substituição das aulas presenciais por atividades a distância deverão aguardar instruções específicas que devem ser emitidas, nos próximos dias, com base nas recomendações feitas pela Câmara de Graduação. É o que informou, na noite desta quarta (18), o Comitê Permanente de Acompanhamento das Ações de Prevenção e Enfrentamento ao Novo Coronavírus.
Até que isso ocorra, apenas as atividades já ofertadas integralmente no formato a distância para cursos presenciais, portanto que já têm material didático preparado para o teletrabalho, poderão continuar a ser oferecidas. A Reitoria da Universidade decidiu suspender, por meio de portaria, a partir desta quarta-feira, dia 18, as aulas presenciais, como medida de prevenção ao avanço da Covid-19, doença provocada pelo coronavírus Sars-CoV-2.
Os encontros e avaliações presenciais das atividades a distância também não podem ser realizados, considerado o contexto de pandemia. As orientações foram feitas para "garantir a qualidade do ensino, a acessibilidade para todos os estudantes e o cumprimento das normativas vigentes”.
Este é o primeiro informe divulgado pelo Comitê, criado no início do mês para orientar as ações da UFMG frente à pandemia. O documento assinado pela assessora da Reitoria para a Área da Saúde e presidente do Comitê, Cristina Alvim, explica que o grupo se orienta a partir de três premissas: é ancorado em evidências científicas, "tanto as bem consolidadas sobre comportamento de epidemias e infecções respiratórias virais, como aquelas que estão sendo produzidas a respeito do Sars-CoV-2”; considera o contexto epidemiológico vigente, "que é atualizado diariamente e reflete o número de casos notificados, suspeitos, confirmados e descartados em Belo Horizonte, em Minas Gerais e no Brasil”; finalmente, o trabalho deve ser articulado com "outros setores da cidade e do estado que podem ser afetados pelas decisões da UFMG, direta ou indiretamente, em especial com as Secretarias de Saúde e de Educação e a rede SUS”.
Engajamento desde o início da epidemia
A UFMG implantou as primeiras medidas de enfrentamento do novo coronavírus antes mesmo do reconhecimento da Organização Mundial da Saúde de que se tratava de uma de emergência pública internacional . Em janeiro, diante da presença de 11 estudantes da UFMG em intercâmbio acadêmico e temporada de estudos na Huazhong University of Science and Technology, situada na cidade de Wuhan, China, epicentro da doença, foi necessário criar condições de assistência e repatriação.
Em seguida, foram impostas medidas de distanciamento social para 103 estudantes intercambistas, provenientes do exterior, recém-chegados à UFMG, com substituição dos atendimentos presenciais na Diretoria de Relações Internacionais (DRI) pelos atendimentos por vias remotas. A linha do tempo com todas as ações adotadas para o enfrentamento e a mitigação dos reflexos da pandemia na UFMG, evidenciando que a Universidade está atenta à situação, também pode ser conferida no documento.
Entre as últimas medidas tomadas, além da suspensão das aulas presenciais para todos os cursos de graduação, pós-graduação e extensão e da Escola de Ensino Básico e Profissional, estão também o.afastamento das atividades presenciais de professores, estudantes e servidores técnico-administrativos que apresentem situação de vulnerabilidade e a criação de comitê especial para cuidar de acompanhamento de estudantes durante a suspensão das aulas presenciais, organizado e composto pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI), Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump) e Comissão de Ações Afirmativas.
Orientações quanto às atividades acadêmicas
Além da suspensão das aulas presenciais e da indicação de que é necessário aguardar a definição da Câmara de Graduação para definir sobre a adoção do modelo a distância, o documento também orienta quanto às atividades dos estudantes de graduação que recebem bolsas de monitoria, extensão ou pesquisa. De acordo com o documento, as bolsas "serão mantidas, e os planos de trabalho deverão ser revistos para contemplar as atividades a distância a serem desenvolvidas neste momento de suspensão de aulas presenciais". As pró-reitorias de Graduação, Extensão e Pesquisa ainda vão divulgar orientações específicas.
O informe também orienta que, "para as atividades presenciais de iniciação científica e extensão que não podem ser suspensas, devem ser propostas escalas que possibilitem as medidas de distanciamento social (espaços arejados, amplos, com poucas pessoas, com álcool em gel disponível)”, entre outras recomendações acadêmicas.
Outro setor que não pode interromper totalmente a atividades é o dos laboratórios nos quais pesquisas seguem praticamente inalteradas. A divisão das equipes em turnos para minimizar o número de pessoas presentes no mesmo ambiente, garantindo distância de 1 a 2 metros entre as pessoas, está entre as recomendações, além da intensificação da "limpeza e desinfecção de objetos e superfícies que sejam tocados com frequência, como maçanetas e corrimãos, e atingidas por aerossóis produzidos por via oral, como mesas e bancadas. Deve-se utilizar água e sabão ou friccionar com álcool 70%”.
Cursos de graduação da área da saúde
Por lidarem com público duplamente afetado pela pandemia de Covid-19, os cursos de graduação da área da saúde são abordados em um dos tópicos específicos da nota, segundo a qual “a suspensão dessas atividades está sendo decidida de forma compartilhada com os serviços da rede pública de saúde, de forma a preservar a responsabilidade social da UFMG com os campos de estágio”. O Comitê Permanente recomenda, ainda, que, "caso ocorra suspensão de atividades assistenciais, esta se dê de forma gradual e ética, cumprindo com o atendimento de pacientes agendados e/ou realizando o encaminhamento responsável a outro profissional”.
Atenção no retorno para casa
Um tema que tem preocupado os integrante do comitê – e foi um dos motivos pelo qual a UFMG e outras universidades integrantes do Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior (Foripes) decidiram aguardar a ação orquestrada pelo governo do Estado para interromper as aulas presenciais – é o retorno dos milhares de estudantes para suas casas, em cidades do interior mineiro e de outros estados, sobretudo para as localidades que até agora são livres do Sars-CoV2:
"Caso você retorne para sua cidade de origem e lá não haja casos suspeitos ou confirmados de COVID-19, permaneça em “quarentena” voluntária – sete dias em casa, se assintomático, ou 14 dias, se com sintomas respiratórios”, apregoa o documento.
Mas nem todas as recomendações do comitê dizem respeito a restrições. As reuniões diárias do grupo têm sido marcadas pela preocupação com a saúde mental de toda a comunidade acadêmica, afetada pelas medidas de distanciamento social, que podem elevar os graus de isolamento. Assim, além de reforçar que o período não é de férias escolares, ou seja, os estudantes não devem frequentar shopping centers, shows e outros espaços de aglomeração, o comitê recomenda que "mesmo com as medidas de distanciamento social, é possível ser solidário e manter os laços de afeto com colegas e amigos – faça bom uso das mídias sociais!"
Leia o informe em formato PDF