Cartilha auxilia candidatas e ativistas a identificar violência política contra mulheres
Publicação lançada pelo Nepem tem abordagem interseccional
Com o intuito de ampliar a compreensão dos prejuízos da violência política contra mulheres para a democracia e celebrar seus 40 anos de existência, o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (Nepem) da UFMG acaba de lançar a cartilha Violência política contra as mulheres em perspectiva interseccional. O material foi elaborado sob a coordenação das professoras Marlise Matos, Viviane Gonçalves e Alessandra Costa.
A cartilha integra dois projetos financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais e pela Câmara dos Deputados, por meio de emenda parlamentar de autoria da ex-deputada federal Áurea Carolina (PSOL-MG). A cartilha está disponível para download gratuito.
Agressões e silenciamento
Muitas mulheres ainda acreditam que o silenciamento, a falta de apoio e até as agressões que sofrem no meio político são naturais ao ambiente. Isso, no entanto, é violência política. De acordo com a pesquisa Violência política de gênero e raça no Brasil, realizada em 2021, 98,5% das candidatas relataram ter sofrido violência política durante as eleições municipais de 2020. Na avaliação das organizadoras da cartilha, o levantamento feito pelo Instituto Marielle Franco mostra a dimensão de um problema que precisa ser enfrentado conjuntamente pela sociedade civil, governos, forças de segurança, sistema de justiça, parlamentares e outros órgãos estatais e não estatais.
A cartilha Violência política contra as mulheres em perspectiva interseccional visa incluir ativistas e lideranças como potenciais vítimas, e não apenas parlamentares e candidatas. O material traz diversos tipos dessa violência, traça o perfil das possíveis vítimas e dos principais autores das agressões e indica as motivações para esse tipo de violência, as medidas preventivas que podem ser tomadas e as instruções para denúncia e proteção.
A publicação também contém um questionário sobre risco, elaborado pelo National Democratic Institute (NDI), e um Plano Individual de Segurança, que busca contribuir para prevenir a escalada de episódios de agressão.