Ato na UFMG reivindica reparação integral de crimes relacionados ao rompimento de barragens
No dia em que a tragédia de Brumadinho completa quatro anos, autoridades e movimentos de atingidos reuniram-se na Faculdade de Direito
A Faculdade de Direito da UFMG sediou na manhã de hoje (quarta, 25) um ato pela reparação dos crimes relacionados ao rompimento da barragem da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), exatos quatro anos atrás. Organizado pelo Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), o evento reuniu autoridades, representantes de instituições que reivindicam reparação e grupos de pessoas atingidas.
O rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão provocou a morte de 270 pessoas e despejou milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração na bacia do Rio Paraopeba. O encontro na UFMG, uma romaria em Brumadinho e outro ato em frente ao Tribunal de Justiça pedem reparação integral dos crimes, incluindo os impactos no Rio Doce provocados pelo rompimento de outra barragem, em Mariana, em 2015.
Desde o desastre em Mariana, que matou 19 pessoas e causou enorme destruição ambiental, a Universidade tem atuado de maneira ativa, por meio do programa Participa UFMG, em parceria com movimentos sociais e órgãos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, com o intuito de contribuir para a compreensão dos impactos humanos e ambientais e a reparação dos crimes.
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida disse, ao abrir o ato, que era uma “honra” abrigar um evento dessa magnitude. “Temos que lembrar sempre para que não aconteça mais”, afirmou. “Como instituição pública, a UFMG está a serviço da sociedade, tem o dever de “ficar ao lado das comunidades afetadas por desastres como os de Brumadinho e Mariana.”
Ao fim, Sandra lembrou que esperança é a palavra-tema para a UFMG em 2023, mas ressalvou que “a esperança, segundo Santo Agostinho, tem duas filhas lindas: “a indignação, característica de quem não se conforma com uma injustiça, e a coragem, que impulsiona as pessoas a lutar pela mudança de uma realidade”.
O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, comprometeu-se com processos de reparação capazes de garantir a justiça para as pessoas e comunidades afetadas. Ele mencionou a importância de traçar estratégias para evitar novos desastres, investir em tecnologias que aumentem a segurança das atividades mineradoras e aprimorar o arcabouço legal que regem o setor, no estado e no país.
Esforços na pesquisa e na extensão
Representantes de associações de atingidos pelos desastres relataram experiências de pessoas e comunidades e os efeitos nefastos duradouros das ocorrências de Mariana e Brumadinho. Participaram também do encontro, entre outras autoridades, o procurador geral de Justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares Jr., a defensora geral do estado, Raquel Costa Dias, o procurador da República Carlos Bruno Ferreira da Silva, e a secretária de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, Luisa Barreto.
A pró-reitora de Extensão da UFMG, Claudia Mayorga, destacou que a universidade pública tem como missão abrir espaço para discussões sobre problemas concretos da sociedade. “A mineração e seus impactos estão entre as questões mais graves e urgentes que devem ser enfrentadas no Brasil, em esforços conjuntos que incluem certamente a pesquisa e as atividades de extensão realizadas por instituições como a UFMG”, ela disse.
Para a diretora de Cooperação Institucional, Zélia Lobato, a realização do ato de hoje na UFMG é consistente com a participação intensa da instituição ao lado de movimentos e órgãos oficiais. “Estamos inseridos por meio de estudos em áreas do conhecimento diversas e ações de apoio, em várias frentes, às populações afetadas pelos desastres”, afirmou.