Notícias Externas

Vinte e cinco anos após massacre do Carandiru, políticas penitenciárias pouco avançaram

Crescimento de facções criminosas é uma das marcas do episódio, comenta pesquisador da UFMG

Palco da tragédia, Carandiru começou a ser demolido em 2002
Palco da tragédia, Carandiru começou a ser demolido em 2002 Prefeitura de SP

Um dos episódios mais violentos da história do sistema prisional brasileiro, o massacre do Carandiru completa hoje 25 anos. A chacina começou numa sexta-feira à tarde, durante uma partida de futebol entre detentos. Os carcereiros não foram capazes de controlar a situação, e os presos acabaram tomando o prédio, então superlotado. O governo da época permitiu a entrada da Polícia Militar no presídio e ação resultou em 111 presos mortos. Até hoje, ninguém foi punido pelo massacre.

Vinte e cinco anos após a chacina, as políticas penitenciárias pouco avançaram no Brasil, na avaliação de Victor Neiva e Oliveira, doutorando em Sociologia pela UFMG e pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp). "Esse episódio deixou algumas marcas. A militarização da segurança pública, a falta de responsabilização dos policiais envolvidos e a criação do PCC, Primeiro Comando da Capital, que nasce como uma reação ao massacre do Carandiru”, declarou em entrevista ao programa Conexões da Rádio UFMG Educativa desta segunda-feira, 2.

O pesquisador aponta ainda outros problemas do sistema penitenciário brasileiro, como a falta de vagas, a intensificação de grupos organizados e facções criminosas no interior das cadeias e a quantidade crescente de presos provisórios - hoje, 40% da população carcerária. “Infelizmente, não tivemos muito avanços em termos de políticas penitenciárias. Hoje, o sistema é superpopuloso, com uma atuação cada vez mais forte de organizações criminosas, e as ações do governo são cada vez mais pontuais, que não atingem esse grande problema. Seria preciso investir em medidas para desencarcerar e não para aumentar a população prisional, como vem ocorrendo nos últimos anos", afirma.

ouça-conversa-luíza-glória-02-10-2017.mp3