Estudo UFMG: leveduras brasileiras são alternativa promissora para a nutrição humana

Pesquisa de INCT que se dedica à investigação do potencial desses microrganismos é premiada em simpósio de inovação e tecnologia

Pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Leveduras (INCT Leveduras), coordenado pela UFMG, estão testando o uso desses microrganismos extraídos do bioma brasileiro para a produção de proteínas e vêm alcançando resultados promissores na busca de alternativas para alimentação humana.

Realizado em colaboração entre os grupos do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG e da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o resumo Caracterização de leveduras isoladas de ecossistemas brasileiros para produção de Single-Cell Proteins foi selecionado para apresentação oral e premiado no 5º Simpósio Integrado de Inovação e Tecnologia de Alimentos, alcançando o segundo lugar na classificação geral.

Os pesquisadores fizeram a prospecção e a exploração de leveduras da Coleção de Microrganismos do Centro de Coleções Taxonômicas do ICB, que tem curadoria do biólogo Carlos Rosa, coordenador do INCT Leveduras, para produção de suplemento alimentar humano. O trabalho é coordenado pela bioquímica Monique Eller, professora da UFV.

Alternativa à suplementação

“As proteínas animais são cada vez mais escassas, de difícil distribuição e alto custo. Além disso, vários nichos não compactuam com a produção animal para geração de proteína para nutrição humana. O uso de microrganismos como alternativa a essa suplementação, também como fonte de sais e vitaminas, motivou nosso grupo a explorar leveduras não Saccharomyces consideradas seguras para consumo”, detalha a pesquisadora.

Para Monique Eller, outro aspecto de destaque da pesquisa foi a tentativa de otimizar as condições de crescimento e processamento das leveduras para meios mais baratos baseados em subprodutos, como o melaço da soja, para obter extratos de suplementos mais nutritivos com menor custo.

O estudo começou no início de 2024 e deve se estender ainda por aproximadamente três anos. De acordo com Jackson Alves, um dos autores, os próximos passos da pesquisa são finalizar as análises e produzir a proteína com base em leveduras selecionadas para posterior aplicação em alimento humano. Apesar de desafios como o relativo ao crescimento da levedura em percentual satisfatório, ele acredita que isso possa ocorrer a partir de 2027.

Ambientes controlados

Single-Cell Proteins (SCPs) são proteínas geradas a partir de microrganismos como as leveduras. Cultivadas em ambientes controlados, elas podem ser utilizadas como fonte alternativa de alimento, podendo substituir fontes de proteínas convencionais de alto custo, como a carne. Elas são ricas em nutrientes essenciais, e sua produção tem menos impacto ambiental.

No relatório Perspectivas da população mundial 2024, as Nações Unidas estimam que a população mundial atingirá 10,3 bilhões em meados da década de 2080. De acordo com o documento, se mantidas as tendências atuais de consumo, é possível que a demanda global por proteína animal deixe de ser atendida apenas com produtos convencionais.

INCT Leveduras

Financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o INCT Leveduras reúne pesquisadores de mais de dez regiões do Brasil e tem como principal objetivo gerar conhecimento sobre as leveduras da biodiversidade brasileira para promover inovações biotecnológicas consideradas estratégicas para o desenvolvimento sustentável. 

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Dayse Lacerda | INCT Leveduras

Fonte

Assessoria de Imprensa UFMG