Em palestra na UFMG, historiador relaciona humor político e a ditadura argentina
As relações entre sátira política e a ditadura argentina serão abordadas nesta quinta-feira, dia 30, na Fafich, pelo historiador Amadeo Gandolfo, da Universidade de Buenos Aires. Entre o humor absurdo e o riso violento: o periódico Tía Vicenta e a ditadura argentina (1977-1979) é o tema da palestra do professor, que se dedica ao estudo dos quadrinhos de viés político.
O evento, aberto ao público, será realizado no auditório Professor Baesse, no quarto andar da Fafich, campus Pampulha, a partir das 17h. A atividade é promovida pelo Grupo de Pesquisa História Política – Culturas Políticas na História, coordenado pelo professor Rodrigo Patto Sá Motta, do Departamento de História da UFMG.
Gandolfo vai se deter sobre a atuação da revista durante o regime comandado pelo general Jorge Videla, autodenominado pelos seus líderes de Processo de Reorganização Nacional (1976-1983), que, sob a justificativa de tirar o país da crise, promoveu um profundo processo de concentração de renda, desarticulou os movimentos sociais e instaurou o mais sangrento governo da história da Argentina. Segundo o professor da Universidade de Buenos Aires, Tía Vicenta chegou a nutrir “certa simpatia” pelas promessas do Processo de Reorganização Nacional.
A vinda do historiador argentino é viabilizada pelo Programa Escala Docente, da Associação de Universidade do Grupo Montevidéu (AUGM).
A pesquisa
A tese de doutorado defendida por Gandolfo tem como tema a caricatura política e o humor gráfico na Argentina, no período de 1955 a 1976, com foco nas representações dos políticos, no ofício do cartunista e nas mudanças no desenho ao longo do tempo.
Fundada em 1957 pelo cartunista Juan Carlos Colombres, o Landrú, e pelo ilustrador Oscar Conti, o Oski, Tía Vicenta marcou época na imprensa argentina e chegou a ser considerada, no início dos anos 1970, uma das seis melhores revistas de humor político do mundo.