AVISO DE PAUTA: UFMG concede diplomas póstumos a estudantes mortos pela ditadura militar

Em sessão solene no próximo dia 24, o Conselho Universitário também homenageará dois professores e dois servidores afastados de suas funções

Na próxima terça-feira, 24 de setembro, a UFMG concederá diplomas de conclusão de curso póstumos a quatro estudantes que perderam a vida na luta contra a ditadura militar nos anos 1970. Além dos alunos, dois professores e dois servidores técnicos administrativos afetados através da exclusão de seus cargos – por exoneração, demissão ou rescisão de contrato – receberão homenagens da Universidade. Trata-se de uma concessão excepcional feita pela instituição com o intuito de promover uma reparação histórica àqueles que tiverem suas vidas e atividades acadêmicas impactadas por ações do regime de exceção que vigorou no país de 1964 a 1985.

A reitora Sandra Regina Goulart Almeida convida para as homenagens durante Sessão Solene do Conselho Universitário, que terá início às 19h, no auditório da Reitoria, localizado no campus Pampulha (av. Antônio Carlos, 6.627, Belo Horizonte / MG). O evento será aberto ao público e não terá transmissão on-line.

Diplomação póstuma

Os universitários Gildo Macedo Lacerda, Idalísio Soares Aranha Filho, Walkíria Afonso Costa e José Carlos Novais da Mata Machado serão honrados com diplomas póstumos. A trajetória acadêmica dos quatro estudantes foi interrompida em momentos distintos após o golpe de 31 de março de 1964. Embora o estatuto da instituição não preveja a concessão de títulos post mortem, em sessão realizada em agosto de 2024 o Conselho Universitário da UFMG reconheceu a importância de prestar publicamente seu respeito aos quatro alunos e deliberou pela excepcional confecção dos diplomas.

Gildo Macedo Lacerda (8 de julho de 1949, Ituiutaba/MG – 28 de outubro de 1973, Recife/PE) ingressou no curso de Economia na Faculdade de Ciências Econômicas em 1968, sendo desligado por força do Decreto 477 em 14 de maio de 1969, conhecido como o “AI-5 das universidades”. Preso em Salvador/BA, morreu sob tortura em Recife/PE e até hoje consta como desaparecido político.

Idalísio Soares Aranha Filho (21 de agosto de 1947, Rubim/MG – 1972, região do Araguaia/PA) ingressou no curso de Psicologia da UFMG em 1968. Sua companheira, Walkíria Afonso Costa (2 de agosto de 1947, Uberaba/MG – 1972, região do Araguaia/PA), foi estudante de Pedagogia na UFMG. Os dois integram o grupo de dez mineiros mortos e desaparecidos na Guerrilha do Araguaia.

José Carlos Novais da Mata Machado (20 de março de 1946, Rio de Janeiro/RJ – 28 de outubro de 1973, Recife/PE) ingressou em 1964 no curso de Direito da UFMG. Morreu sob tortura em 28 de outubro de 1973. Recentemente foi tema do longa-metragem Zé, produzido pelo cineasta e professor da UFMG Rafael Conde.

Reconhecimento

Além da importante honraria destinada aos estudantes mortos pelo regime ditatorial, o Conselho Universitário propôs uma homenagem para marcar o reconhecimento da UFMG a quatro ex-membros de sua comunidade acadêmica. Elza Pereira e Irany Campos, servidores técnico-administrativos em educação, e Marcos Magalhães Rubinger (in memoriam) e João Batista dos Mares Guia, docentes da Universidade, foram injustamente privados pelo regime de exercerem suas funções na instituição. 

Todos os homenageados foram citados no relatório final da Comissão da Verdade de Minas Gerais (Covemg), criada para auxiliar e dar suporte ao processo de investigação da Comissão Nacional da Verdade. Com esse ato, a UFMG promove uma reparação histórica e reconhece que eles tiveram suas carreiras prejudicadas pelo regime militar.

Serviço:

Sessão Solene do Conselho Universitário – homenagem a estudantes e funcionários afetados pela Ditadura Militar 

Data: 24 de setembro de 2024, terça-feira

Horário: 19h

Local: auditório da Reitoria - campus UFMG Pampulha (av. Antônio Carlos, 6.627, Belo Horizonte / MG)

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

Assessoria de Imprensa UFMG